domingo, 11 de novembro de 2012

O dever da faceirice...

Algumas mulheres. felizmente relegam a faceirice a um plano secundário, explicando esse desinteresse como "superioridade intelectual". Nada mais falso. A mulher moderna sabe que, apesar da evolução da ciência e das artes, o homem continua o mesmo e o principal atrativo que encontra na mulher é a sua aparência física. Julgar que porque se casou com ele está dispensada de seduzi-lo é outro grave erro. O homem é volúvel. sua busca da "mulher ideal" é apenas a forma romântica com que encobre essa volubilidade, e geralmente envelhecem sem descobrir realmente o querem da mulher. Só sabem que a querem. sempre bonita e renovada, se possível.
Um rosto bonito, uma figura elegante sempre exercem grande poder sobre eles. A mulher que ama a um deles  tem que fazer tudo para prendê-lo, portanto, e esse tudo é a sedução diária e constante. Eu sei, minha amiga! É cansativo isso, e um pouco tolo, mas que se há de fazer?
Se o seu marido está acostumado a ve-la despenteada, em chinelas, de roupa desleixada, sem pintura, aos poucos ele irá esquecendo a figura bonita que o atraiu antes, quando você só lhe aparecia enfeitada e perfumada. começará a perguntar a si mesmo o que existe em você afinal, de interessante... e a resposta é perigosa, minha cara! Por outro lado, a rua está fervilhando de mulheres bonitas, mais bonitas porque tem a atração do desconhecido e do proibido. nenhum homem, numa hora dessas, tem imaginação bastante para ver, sob as carinhas de boneca encontradas na rua a mesma figura de mulher em chinelas, depenteada e mal cuidada que lele deixou em casa. 
Renan, com grande sabedoria, já dizia: "A mulher, enfeitando-se, cumpre um dever; ela pratica uma arte, arte delicada, que é mesmo, até certo ponto, a mais encantadora das artes".
A faceirice é, portanto, obrigação para a mulher. nem a mulher de negócios, nem a cientista, nem a mulher de letras, nem esportista dispensam esse dever primordial para a conquista do homem. Afinal, podemos pensar deles o que quisermos, mas precisamos deles para completar a nossa felicidade, não é mesmo? façamos, portanto, por conquista-los. 
                             
                                                                                                               CLARICE LISPECTOR 

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