terça-feira, 30 de abril de 2013

Anos dourados...


Parecia que aqueles momentos durariam a eternidade, que o céu seria sempre azul ou que as chuvas de primavera seriam sempre frescas. Lembro das conversas desalinhadas no meio da aula de América, na troca de olhares entre mim e a Tati que significava que do outro lado da sala ele dava aquele olhar desviado, a gente ria, a gente achava ele muito fofo e sua namorada insonsa de mais. Depois de uma noite de festa de final de semestre eu tinha finalmente algo para contar para Tati, infelizmente não era tão bom assim, ele não beijava bem, eu e a Tati ríamos sem parar, flertes de sala de aula ,e tem coisa melhor?
Lembro do Rafa subindo as escadas e eu, choramingando, esperando sentada no banco para que ouvisse minhas lamúrias que eram sempre as mesmas, falta de um namorado! Mas no final eu acabava por me divertir, e o Rafa por puxar minhas orelhas toda segunda-feira! Parecia uma amizade eterna, era um lugar aconchegante, nossa maior preocupação era fazer boas resenhas para as aulas do Ronaldo.
Eu brigava com a Sissi uma vez por semana, juntávamos os grupos para os trabalhos e logo eu era praticamente expulsa. Queria ler meus quadrinhos, falar de séries, falar dos beijos dados no colega que tinha namorada. Elas, Sissi e Aline, viviam gritando comigo, mais tarde fui descobrir que eram gritos de melhor amiga, daquelas que te querem no caminho certo porque te amam. 
Parecia mesmo que seria eterno, durante três anos sentada ao lado da minha melhor amiga no ônibus, fofocando, criando príncipes encantados nas nossas conversas e se divertindo com os sapos, ela se divertindo com os sapos, eu era mais medrosa, não mergulhava de vez nas histórias. Histórias que ficaram emolduradas nas minhas lembranças.
Amores que vieram e que foram, que não deram certo ou que eram socialmente inaceitáveis. Amores que cuidaram de mim quando eu tinha crises de pânico, que me ouviam chorar, e mais tarde, com o humor restabelecido ouviam meus sonhos mais doidos. Conversas no fundo da sala na aula de África, onde nossa história começou e teve dois finais felizes. 
Festas na casa dos colegas, porres e muita risada, era um mundo paralelo, quase que uma fraternidade, a galera da esquerda. Meninos e meninas, nada de adultos, a gente só queria curtir os anos loucos da faculdade, essa ideia meio que tirada dos filmes yankes. Matávamos as aulas mais chatas, na verdade matávamos quase todas depois do intervalo para beber e jogar conversa fora. Mais uma vez a Sissi e a Aline me passavam um sermão sobre responsabilidade. Sissi e eu ficamos um tempo sem nos falar, fizemos as pazes no dia da formatura, mas no fundo ela sempre esteve lá para mim, como eu disse, parecia mesmo que era eterno.
Lembro das saídas a campo, do quanto era divertido, Uruguai, as Missões, eu, a Fani e pina colada, uma festa!!!! Quando conversávamos e eu chorava em seu colo parecia que era para sempre, uma amizade que ia durar não importava o que fosse acontecer.
Trabalhos, desespero pelas provas, a troca de rascunhos, os cadernos das aulas do Ronaldo devidamente passado a limpo para consulta. Minhas melhores notas! Eu olhava para aquilo tudo e pensava que jamais acabaria ou que cada um seguiria o seu caminho rumo as coisas que desejávamos. Deu tudo errado!!! Deu mais certo do que poderia ter dado! 
Aqueles amores, que a gente olhava e inveja se desfizeram, hoje cada um seguiu um caminho com outra pessoa diferente. Uma vez aconselhei uma amiga a se entregar de corpo, alma e coração, hoje aconselho a denunciar o cara para a polícia. Tudo muda. Eu acreditava nas pessoas, eu era ingênua, fazia cada dia um episódio diferente e no fim fui embarcar em um dramalhão mexicano até que os anos passaram.
As escadas de onde víamos os nossos "fofuxos" já estão com outros passos, e a vida tornou a colocar no meu caminho pessoas que ha muito estiveram longe. Foram três anos dividindo o mesmo ônibus e um oi esporádico, mais três anos e encontrei de novo o cara que hoje é o amor da minha vida. Não é irônico?
Não é irônico que depois de tanta mágoa o Rafa tenha casado? Que  no fim o Cristiano esteja sendo um bom professor? Que a Sissi esteja repensando seus valores? Que o Jaquiel ainda não tenha se formado? Não é irônico que eu e a Angelica tenhamos vivido os melhores anos da faculdade e hoje mal temos tempo de nos falar? Não é irônico que os professores casaram, tiveram filhos, e se tornaram no final nossos colegas?
Não é irônico que o joão Pedro tenha mesmo casado, que a Fani continue na mesma vida, que eu nem saiba notícias daqueles que fizeram alguma diferença na minha vida?
Eram mesmo momentos que pareciam que seriam eternos, cada aula, cada frio na barriga, cada erro cometido, cada lágrima derramada, cada porre, cada paixão avassaladora, cada fugida para o  laboratório de História, cada casal feito e desfeito.  Sobraram alguns amigos, sobraram alguns amores mal resolvidos, alguns desejos que temo mencionar. Sobrou um álbum na minha alma com cada história vivida, com cada cena presenciada naqueles corredores e a ideia que o futuro que nos esperava estava a raios luz de distância. Ele chegou para todo mundo, mais cedo do que queríamos, de um jeito avassalador que não esperávamos e nos transformou naquilo que somos hoje. Foram anos dourados, cheios de confetes e serpentinas que a final de contas acabou nos preparando para o que enfrentamos hoje. Mas não se desespere, como disse Geroge Eliote: "Nunca é tarde para você ser o que deveria ter sido"!

* Os nomes foram trocados para eu não receber ligações raivosas pedindo para que eu retire o post do blog para não sofrer um processo!!!

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