terça-feira, 26 de março de 2013

Um pouco desse mundo distópico...


Documento extraído da revista biográfica " Crónicas de los tiempos", de abril de 2002: carta escrita em 2070

" Estamos no ano de 2070, acabo de completar 50 anos mas a minha aparência é de alguém de 85 Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. existiam muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins, e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira, agora devemos raspar a cabeça para manter limpa sem água. Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía da mangueira, hoje, meninos não acreditam que a água se usava dessa forma. recordo que haviam muitos anúncios que diziam CUIDE DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por pessoa adulta, hoje só podemos beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. 
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas  que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia, por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias, são as principais causas de morte. a indústria está paralisada e o desempego é dramático. As fábricas dessanilizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade, a pele de uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. 
os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado, por falta de árvores, o que diminui o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozoides  de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar que respiramos, 137m³ por dia por habitante e adulto, a gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar , não são de boa qualidade, mas se pode respirar, a idade média de 35 anos. Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio, que é fortemente vigiado pelo exército pois a água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro e os diamantes. Aqui, em troca, não há árvores, porque quase nunca chove, quando chega, registra-se precipitação; é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atômicas e da indústria contaminante do século XX.
adivertiu-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente. Ela pergunta: 'Papá, por que acabou a água?  Então sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir -me culpado, porque pertenço a geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta os tantos avisos. agora os nossos filhos pagam um preço alto e, sinceramente, creio que a vida na terra não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isso quando ainda podíamos fazer algo para o nosso planeta Terra! "

 Obs. ( publicado por Gislaine Zunino em algum jornal de Santo Antônio, em algum momento do passado. só tenho o recorte com o texto. Encontrei no meio de minhas coisas de História e achei legal dividir com vocês)

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