terça-feira, 21 de agosto de 2012

Exorcizando um demônio II

Eu olho para o vazio total que se encontra a sua vida. A única coisa que a preenche são os nomes dos autores que você cita, mesmo assim eu consigo ver as lacunas, os abismos entre seus dias. Desceu do pedestal não é?  Me conta, como é aí de baixo! Ter que se esforçar para que todos continuem te enxergando como o grande herói? Sinto muito, mas não se coloque no panteão, você é tão mortal quanto qualquer um de nós. Nem kriptonita verde, nem kriptonita vermelha te servem,  você sempre foi e sempre vai ser Lex Luthor, o invejoso, o vazio, aquele que queria tudo que Clark tem. 
Ninguém comenta, ninguém curte, não tão nem aí. Você não percebeu ainda que os vilões nem sempre são relevantes nas histórias? Ou melhor, são sim, eu me corrijo. São os vilões que fazem os heróis. 
Vão me perguntar o porque de tanto rancor, mas eu não me preocupo em responder. Quando temos alguém como inspiração e esse ser nos decepciona contrariando tudo aquilo que pregava ser certo a gente se frustra. Eu me pergunto no que foi que eu acreditei. Eu vejo o declínio, a hipocrisia tomando conta da imagem que tinha. Será que foi a raiva que fez isso com você? 
Eu fico lendo cada palavra e não te reconheço mais, aquele que eu achava que me guiava se perdeu em algum lugar do caminho. Sabe o que eu vejo? Vejo aquele que você pintava quando falava do seu passado. Declínio, você está em declínio. E eu desesperada me pergunto porque acreditei em uma fraude. Não que isso não tenha feito por mim mais do que você imagina, mas sinto uma certa vergonha, um certo asco, um odor que as mentiras exalam. Mentira de quem você realmente é. Não é o educado, não é o de postura impecável, não é o intelectual com um futuro brilhante. É um ser amargo que se apega as palavras de outros para sustentar a própria infelicidade. Parece um discurso de quem ainda se importa? Claro que eu me importo, e porque não me importaria? Uma das grandes lições que aprendi foi com você, mas então te vejo cometendo o mesmo pecado que um dia você condenou e percebo que aquele que eu conheci nunca foi você. Era sim, o personagem que você criou para que eu me apaixonasse. Aquele teu EU que eu conheci nunca existiu. 
Dá raiva na verdade, raiva de mim mesma por não ter percebido que o que eu tinha era uma ilusão. Você tirou a máscara no momento em que eu me afastei, como eu disse você desceu do seu pedestal. Na verdade a culpa é minha, por muito tempo eu sustentei seu pedestal te fazendo acreditar nas mentiras que você mesmo tecia. Você não é e nunca será nada além daquilo que você criar, tudo na sua vida sempre será superficial. As batalhas que você trava para fazer com que as pessoas te enxerguem como esse ser inatingível só te farão ficar cansado porque no fundo ninguém se importa e o vazio nunca mais será preenchido. sSnto muito se tenha que ser eu a te dizer isso. Mas a raiva que corrói quando lembro dos sermões sobre meus atos tão  recriminados por você me trazem um certo arrependimento. E cada vez que eu escrevo, coisa que você julgava muito, eu exorcizo um demônio ligado a você. Eu arranco partes de você que ainda estão em mim, coisas que eu não quero mais, porque depois que eu descobri a mentira que você é quero me livrar de tudo que um dia eu senti orgulho, tudo aquilo que não passava de cenas recriadas, personagens montados milimetricamente,  palavras coletadas em algum discurso já escrito. Eu quero me livrar do cheiro de enxofre porque foi a única coisa que você deixou.

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