terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ai, ai, que arte vou fazer hoje...



Moro com uma amiga que tem um filho de oito anos, muito fofo, educado super nerd e que eu ajudo a cuidar. Até hoje ele não havia feito nenhuma arte daquelas que merecessem um bom puxão nas orelhas e um castigo de uma semana (que os pedagogos não me leiam), como eu disse, até hoje.
Estou eu feliz e contente estudando enquanto ele brincava no térreo com um bando de crianças aqui do prédio e eis que recebo uma ligação da administração notificando que o fofinho e até então inocente D. tinha riscado de canetinha vermelha as paredes de um bloco do condomínio com seus coleguinhas igualmente fofos. Fomos então para aquela conversa: mas que diabos tu andou aprontando lá em baixo? Depois de um milhão de lágrimas e ameaças ele acabou por admitir que tinha riscado a parede para marcar as pistas do tesouro que eles estavam procurando. E agora????? O que fazer????
De imediato lembrei das trocentas artes que fiz quando era criança, das vezes que voltei para casa com as orelhas penduradas nas mãos de minha mãe e dos castigos homéricos que sofri. Lembrei daqueles momentos em que o chão se abria e a gente achava que iria sucumbir as lágrimas tendo que assumir que quebrou a mesa de vidro do vizinho, arrancou as rodas do carrinho novo do amigo, riscou a cara da boneca de alguém ou colocou fogo na pedreira. Ah, sim, eu já coloquei fogo em um matagal e fiz uma prima pisar em um espinho para ficar dormindo na minha casa mais umas noites porque não conseguia caminhar. 
Criança faz arte, não adianta, mais cedo ou mais tarde elas acabam por virar esses endiabrados inconsequentes, nem que seja apenas por alguns minutos e acabam passando dos limites cabe a nós adultos estabelecer as regras e fazer com que sofram as consequências do que fizeram. Sofrer consequências não é matar a pau, é tirar do cofrinho o dinheiro da tinta para pintar a parede que riscaram. É divertido ser criança, cortar a cerca do vizinho dos fundos para não ter que dar a volta na quadra inteira para ver a melhor amiga que mora de fundos para sua casa, esse é o menor dos nossos problemas. O ruim mesmo é dizer o não, é lembrar com um sorriso no rosto de tudo aquilo que fizemos e ter que repreender, ter que fazer dizer a verdade, mesmo achando graça do que fizeram. 
Lá fui eu passar um sermão de porque não devemos mentir ou porque não devemos riscar de canetinha as paredes do prédio ou tirar do lago os peixinhos laranja tão bonitinhos, mas juro que minha criança interna estava dando gargalhadas enquanto eu fazia isso. Difícil repreender uma coisa que a gente sabe que criança faz, brincadeiras que no fundo não tem maldade, mas é assim que criamos adultos responsáveis e cidadãos conscientes, é assim que ensinamos o respeito mutuo. Mas que eu achei genial a tal da marcacão para achar o tesouro, ahhhh, isso eu achei mesmo!!!

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