sábado, 2 de junho de 2012

Uma "arena" na sala de aula



Quem espera que a trilogia de Jogos Vorazes siga o caminho das varinhas mágicas potterianas ou a beleza do amor eterno adolescente crepuscular vai se deparar com uma baita decepção! Ha quem acredite que Jogos Vorazes sirva como placebo para os órfãos dos bruxinhos e vampiros, mas Suzanne Collins criou um mundo tão poderoso e digno de análise sociológica que essa comparação torna-se até injusta.

Jogos vorazes nada mais é do que uma crítica a sociedade do espetáculo, a modernidade líquida, ao homo ecranis que nasce e morre na tela e com certeza deveria estar na lista de leitura obrigatória para alunos do ensino médio. SIM! Eu disse leitura obrigatória, pois ao mesmo tempo em que escreve sobre uma trama envolvente em uma América do Norte pós- apocalíptica cheia de violência, a autora pincela um mundo retalhado, miserável, que precisa mandar seus filhos para a arena para divertir o povo da Capital.

Assim como Teseu se oferece como tributo para salvar Creta do Minotauro na mitologia grega, Katniss Everdeen se lança, no lugar da irmã como tributo no dia da colheita. A heroína feminista vai honrar seu Distrito e desencadear uma revolução, desafiando o ditador Snow. Não podemos esquecer em momento algum que toda a história não passa de um reality show, produzido pela Capital de Panem. Notem que o nome Panem faz alusão a Panem et Circenses, ou seja, o pão e circo oferecido pelos Distritos para manter a capital sobre controle.

 Aqui se pode em primeiro lugar, apontar as semelhanças entre os "tributos". Pode-se ainda fazer uma análise da nossa sociedade, do quanto estamos expostos a "tela", ou do sentido de revolução. Revolução que encontramos em vários momentos da História, sempre tendo (visto de forma positivista) um herói que conduz o povo a vitória, no caso de Jogos Vorazes, Katniss Everdeen.

Não se pode excluir a possibilidade de trazer para dentro da sala de aula aquilo que os adolescentes estão experimentando, tanto no cinema quanto na literatura. É mais do que aceitável que o professor utilize esses instrumentos como recurso didático na mediação aluno/conteúdo. Além do mais utilizar literatura de ficção nas aulas de História permite a interdisciplinaridade. Disciplinas como Português, Literatura, História e Sociologia, por exemplo, tem uma chance de caminhar juntas e ajudar o aluno tanto na compreensão da sociedade em que está inserido como na produção intelectual que essas transitoriedades permitem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário